Alexandre Beirith conta como transformar squads em times de negócio, com foco em métricas, alinhamento estratégico e entregas com real impacto.
A gente adora um botão novo. Mas será que ele serve pra alguma coisa?
No relatório State of Digital Products, conversamos com Alexandre Beirith, Group Product Manager, sobre um desafio comum em empresas de produto: sair da lógica de entrega por entrega e começar a entregar com propósito.
Spoiler: mais do que fazer rápido, o que importa é saber por que e pra quem você está fazendo.
Um dos pontos centrais da conversa com Alexandre foi a mudança de cultura organizacional: trocar a obsessão por quantidade de entregas pela busca por impacto real.
Segundo ele, muitos times ainda medem sucesso pela quantidade de funcionalidades lançadas. Mas produto não é um acúmulo de features — é uma resposta estratégica a uma necessidade de negócio.
“Feature não é métrica de sucesso. O foco precisa estar em métricas que mostrem resultado: retenção, uso recorrente, engajamento com valor real.”
A mudança passa por estruturar squads com ownership direto sobre métricas de negócio, permitindo que o time enxergue o impacto de cada decisão — e não só o cumprimento da próxima tarefa no board.
Para garantir alinhamento contínuo entre squads, tribos e liderança, Alexandre estruturou um mix de comunicação assíncrona e síncrona, que mantém todos na mesma página sem depender de reuniões eternas nem picos de ansiedade.
Além disso, há rituais semanais para revisão de prioridades, resolução de bloqueios e ajustes de rota. Isso permite que o time responda às mudanças do mercado com agilidade, sem abrir mão da clareza.
“Adaptar o plano não é sinal de fraqueza. É sinal de que a empresa está viva.”
Pressão por prazos é inevitável, mas não precisa vir com perda de qualidade. Alexandre aplica uma abordagem simples e eficaz: dividir entregas em ciclos menores (1 a 2 semanas), facilitando estimativas e aprendizados mais rápidos.
Esse processo envolve ativamente pessoas mais seniores nas estimativas e nas decisões de arquitetura — garantindo não só mais precisão, mas também uma consciência maior dos desafios que podem aparecer no caminho.
“Pequenas entregas reduzem o risco e aumentam a capacidade de adaptação diante de imprevistos.”
Quando falamos sobre adaptar o time à realidade do mercado, Alexandre é direto:
“Se o mercado muda mais rápido que a gente, é sinal de que estamos morrendo.”
Por isso, ele valoriza comunicação transparente sobre decisões estratégicas, deixando claro o “porquê” por trás de cada mudança de direção. Isso engaja, reduz resistência e evita que o time perca o fio condutor do negócio.
Para fortalecer o senso de colaboração, Alexandre propõe encontros semanais entre PMs para trocas de vitórias, dificuldades e pedidos de ajuda. A prática cria conexões horizontais entre pessoas de produto e ajuda a manter todo mundo alinhado com os objetivos maiores da empresa.
“Ninguém entrega nada grande sozinho. A cultura do produto também nasce da colaboração entre pares.”
Na hora de contratar, Alexandre foca em perfis com curiosidade, visão sistêmica, domínio de métricas de negócio e capacidade de adaptação. Hard skills são importantes, mas podem ser ensinadas. O que ele busca mesmo são pessoas que se colocam em movimento junto com o time.
A conversa com Alexandre Beirith deixa uma mensagem clara: o que importa não é quantas features você lançou este mês, mas quantas pessoas você realmente ajudou com elas.
É sobre resultado, não só entrega.
É sobre squads com dono, não só tarefa.
É sobre contexto, processo e confiança.